sexta-feira, 12 de abril de 2013

Diálogo matinal

Às 7:30 h ela acorda, mesmo com o corpo e a mente lhe dizendo que precisavam ir pelo menos até umas 10! Uma voz carinhosa dá o comando e lhe pede um abraço, e ela, como um zumbi, obedece, se levanta, vai até lá e abraça, apertado. Resolve perguntar se o dono da voz teve um pesadelo e por que pediu o abraço. Ao ouvir que só quer um abraço porque a ama, o zumbi prontamente se humaniza, todo, e tudo ganha cor, sentido e até trilha sonora!

Dado outro abraço, mais apertado ainda, o sono a obriga a voltar para a cama. Obedece. Mal fecha os olhos e tem seu sono novamente interrompido pela voz, que, agora, para combinar com o abraço, pede um beijo. Zumbi se levanta, sorrindo, e dá um, dois, três, quatro, cinco... mil beijos! E passaria toda a eternidade ali beijando, mimando! Ganhou o dia, mesmo que venham duzentos e noventa e nove pepinos. Ou mais.

Ela volta para a cama, ainda morrendo de sono, enquanto ele já mandou o dele embora e parece bastante convencido a provar que o dela está indo junto. Pede para ir para a cama dela, fato de que ela gosta. Ilude-se. O zumbi volta e cochila por uns dez, onze, doze minutos no máximo, até acordar com a bagunça feita com colagens entre o dono da voz, o chão e o guarda-roupa. Bom que hoje o idealizador mesmo limpa. Ela pensa em brigar, mas, no fundo, tem vontade é de rir. E obedece. Por que não?

Filho carente é tudo de bom, mesmo que isso ative em nós um monte de culpa. É a maior e melhor de todas as riquezas do mundo e não tem preço. Nenhum. Nunca. E não sabe ele que, sem querer,  deu a ela a resposta que tanto buscava para um enigma que foi dormir e acordou com ela. 

(Andreia Dequinha - mãe-zumbi do Miguelito carente)

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