domingo, 19 de junho de 2016

Ideologia de qual gênero?


Isso é uma grande briga interior e exterior para mim, enquanto mãe.

Quando descobri que estava grávida de menina, eu fiz questão de evitar o excesso de roupas rosas, deixei o quarto pintado de branco (e a cada conversa com familiares, amigos e estranhos que sempre perguntavam: "qual é o tema do quarto?" Eu: "tema branco, decoração estilo minimalista" -- ha ha ha -- e recebia olhares e caras esquisitos em resposta). Essa era uma forma de demarcar meu posicionamento em relação a questões de gênero e consumismos maternos. 

Um bebê não precisa de nem metade das palhaçadas que te vendem, ainda mais no que tange às especificidades de gênero! Aliás, algo que não entendo são esses meses de "NÃO à ideologia de gênero", porque a confusão é tão grande na cabeça da sociedade que não percebem que, na verdade, vivemos uma forte ideologia de gênero - biunívocal -, que é o que essas pessoas pensam estar defendendo. 

Eu, Adriana, digo não à ideologia de gênero (toda e qualquer) - para que tanta classificação em relação à sexualidade??? Vivo uma luta diária com minha filha. Os inimigos são muitos: desenhos, escola, animações de festinha, filmes... As ideologias estão por aí por todo lado e tento protegê-la disso. A cada vez que ela -- amante fervorosa do rosa --, desde que começou a estudar, diz que determinada roupa não pode ser da boneca porque é azul, eu a incomodo, fingindo ser a boneca dizendo que ama azul! E o oposto para os bonecos que "não podem usar rosa". Nas festinhas, as brincadeiras são sempre "meninos contra meninas! E em festa de menina não pode ter futebol!". Dentre outros absurdos que vamos ouvindo. 

Outro dia, estava assistindo GNT, mas fui fazer algo pra ela e, quando voltei, ela estava atentamente assistindo a um beijo gay naquele programa sobre casamentos em que estavam ao mesmo tempo falando de um casamento heterossexual e um homossexual. Fiquei calada e esperei algum comentário. Ela agiu normalmente. Eu só sorri e disse: "Viu que legal pessoas que se amam celebrando seu amor com festas de casamento?" Ela só sorriu de volta, disse "vi!" e ficou bem. 

As crianças não nascem com esse tipo de estigma, não nascem com ideais de gênero. Elas nascem entendendo o amor. E isso que eu faço questão que minha filha não perca! Desejo que ela entenda que o amor se manifesta de diversas formas e pode ser assim com ela mesma. O resto são classificações baratas a que devemos tentar desconstruir e, quando não der, bater de ombros. Espero que ela siga assim...  
(Adriana Lessa - mãe da espertíssima AV) 

4 comentários:

  1. Assim como você, amiga, também tentei fugir do senso comum das cores de menino e de menina, por simplesmente achar que elas não precisam, como tantas outras coisas no mundo, dessas classificações, dessas divisões. Pra que a gente vai ficar se limitando, em vez de se expandir, né?!?

    Acho linda a sabedoria da criança de lidar facilmente com tudo que muito adulto tem muita dificuldade de lidar... me dá pena de ver a ingenuidade que as pessoas vão perdendo... vão complicando tudo em vez de simplificar...

    Que bom que a gente tem a sorte de conviver e de aprender com nossas crias, né? Como aprendo! E que linda a AV! Tal como vc!

    Amei ver um texto seu aqui, e que ele seja o primeiro de muitos outros. Anime-se!

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  2. Ah, Dequinha! Que montagem linda você fez! Obrigada pelo carinho!
    Já achei um monte de errinhos meus no texto, mas o que tá valendo é o conteúdo! Rs Espero que as mães entrem no debate, porque esse tema rende... Rs Concordo com você em relação às classificações e divisões. Que bom que recebemos esses anjos que nos ensinam tanto e nos fazem refletir sobre o que somos e a sociedade em que vivemos. Assim, temos uma chance de nós aprimorarmos como mães, cuidadoras, educadoras e seres humanos.

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    1. Imagina! Adorei as fotos! Fiquei sem saber qual escolher pra vir pra cá, então... na dúvida... Um mosaico lindo de AV! Que venham outros, tá?

      E que erro nada... relaxa... mandou super bem, impossível caber erro! kkkkkkkkkkkkkkk

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  3. Acordei pensando num ponto que queria deixar claro. Acho que vou até copiar isso naquele seu tópico do Facebook. Quando eu demarco ser contra ideologia de qualquer gênero, não quero neutralizar nem subestimar a luta contra a homofobia, que é totalmente necessária. Acredito que, enquanto há desequilíbrio que leve à restrição ou desrespeito a direitos humanos de igualdade, deve-se sim ressaltar a bandeira dos prejudicados e, para isso, defini-los bem, assim como ocorre com o feminismo. Vejo uma corrente que tenta jogar uma luz negativa sobre essas lutas e neutralizá-las - que ganha ainda mais força ao se deparar com outra corrente desvirtuada que compreende a luta pela igualdade como uma luta desenfreada por direitos que coloquem o grupo prejudicado em posição superior. Não é isso que defendo, em nenhum dos dois casos. A meu ver, a neutralização mascara violências e quem as pratica. Mas, no tópico em questão, que é a maternidade, prefiro ressaltar para minha filha o que há em comum entre esses grupos - o amor -, antes de definir ou classificar a diferença. Crianças levam taxonomia a sério demais para começarmos pelas diferenças. Rs

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