terça-feira, 4 de outubro de 2016

Ai, como dói!





Essa história de "doer mais na gente do que neles" é real mesmo...

A cada tapa que dou no pequeno com a minha mão de elefante eu quase morro, mesmo porque até arde a minha mão! Acho que é Deus me castigando por perder a paciência com ele, que nunca perde a dele comigo.

Dói muito observar que ele sofre por não falar, me dói ver meu pequeno não se socializando, se reclusando na escola, e por aí vai.

Dói por ser impotente com relação a ele e não saber mais como conduzir as coisas para que sua fala venha.

Dói por vê-lo ver as coisas, entender e não conseguir se fazer entender por outras pessoas, até mesmo em coisas simples.

Acho que ele até sente também por tudo isso, mas muito pouco, pelo menos é o que apresenta em casa, já que está sempre sorrindo, feliz, falante, ainda que com seus dialetos próprios, até agora. 

Dói muito em mim quando ele brinca em silêncio.

Dói saber que ele sente minha aflição e eu não já consigo mais contê-la para que ele não sofra...

Certo dia, ele percebeu que eu estava com medo, com as mãos suando frio, quando eu o trouxe sozinha da creche e ele fortemente segurou a minha mão (e ele odeia quando a mão dele fica molhada), como se quisesse me proteger, e assim ele o fez. Chegamos em casa e ele logo me puxou para dentro, subindo as escadas, carregando sua mochila do Pica–Pau (presente da tia Dequinha ), sem me deixar pegar peso. Quando entramos em casa, ele pediu para ver desenhos no notebook e eu deixei, pois ele não mexe (nas minhas coisas), então ele subiu na mesa e veio em minha direção para me dar um abraço... (sabe o medo, o pânico?! mas neste momento me vi agraciada por Deus por esse anjo ser meu!).

Dói a falta de paciência do pai com relação às coisas do menino, até mesmo para fazê-lo parar de chorar enquanto acorda de madrugada (nem se esforça para ver o que está acontecendo e logo perde a paciência).

Dói saber que um dia deixarei essa criança, embora não faça ideia do tempo, de quando, mas fico me perguntando e me atormentando: Quem o fará dormir? Quem o entenderá? Quem, meu Deus?

Nossa sintonia é única, dormimos embolados, ele parece não ter medo de ser esmagado por mim...

Lágrimas me vêm por me sentir só no seu universo e por saber que poucos se esforçam para atender às tantas necessidades do pequeno. Dói muito cada esporro que dou nele, cada grito, cada falta de paciência... e que doa por muito tempo, estando ao lado dele, sempre. 

(Elizabeth Oliveira – mãe coruja e sofrida do LG)

2 comentários:

  1. Maravilhoso texto! Emocionante! Só mesmo uma mãe para sofrer quando falta algo para o filho, só mesmo o amor de mãe para conviver pacientemente e acompanhar cada etapa, aguardando ansiosa o dia em que ele superará suas dificuldades e vencerá essa batalha silenciosa. Deus escolhe somente pessoas com capacidades além para lidar com situações delicadas, Ele sabe que vc, mais que ninguém, é o apoio que o LG precisa.
    Amei seu texto e emocionei-me com sua forma tão verdadeira de expressão. Um grande abraço no lindinho!!

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    1. Obrigada Zizi, não consigo fazer diferente, com ele aprendi a ser mais verdadeira como nunca, paciente e mais amável.
      bjs Bethy

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