sábado, 29 de outubro de 2016

Enredos que permitem sonhar


A  exemplo dos brinquedos, os livrinhos fazem parte do universo infantil e estão espalhados de norte a sul pelos cantos da casa por onde circulam os pequeninos. Assim, exalam seu poder encantador em ocasiões distintas: como diversão na hora do banho, calmante no momento do sono, passatempo em viagens ou passeios, distração nas horas do choro,  brinquedos que personificam os contextos mais incríveis e fantasiosos... São companheiros e parceiros que além de divertir as crianças, estimulam o gosto e o prazer pela leitura.

Esse preparo do futuro leitor começa em casa com os pais  e se estende na escola. Com o terreno já adubado pela fantasia e as sementes das letras e imagens lançadas, a ceifa certamente será farta e o imensurável legado falará por si nos anos seguintes.

Coerente a essa visão, apresentei aos meus filhos, desde os seus primeiros anos, uma diversidade de leituras.  Atentos e curiosos, eles escutavam as historinhas (ou outros gêneros textuais) que eu lia para eles.  Chegavam, às vezes, a memorizá-las. Descobri isso um dia quando fiz uma pequena pausa durante a leitura de um álbum de figurinhas e o Danilo a completou corretamente.  Fiquei surpresa e repeti a cena em outra página; descobri,  então, que ele sabia de cor todos os comentários escritos de cada imagem colada naquele álbum. Dois aninhos de idade era ser pouco para o domínio das letras, mas não para a leitura de mundo daquele curioso menininho.

Uma vez, na editora Ática, a Patrícia encantou-se de tal forma com um livro-brinquedo denominado “Casinha da Ninoca”,  que não me deu outra alternativa a não ser comprá-lo, embora tal despesa fugisse (e muito) do orçamento permitido para aquele momento. Entretanto, foi compensador ver a felicidade que essa aquisição lhe trouxe,  e observar que até hoje  ela o mantém entre os pertences que mais ama. (Patrícia, hoje adulta,  é uma leitora assídua e  além disso, sabe transmitir suas ideias em verso e prosa de forma maravilhosa).  

Gibis, livrinhos ilustrados, com formatos de brinquedos, interativos, álbuns de figurinhas... Novidades sempre surgiam e eu procurava adquiri-las para presentear os meus pequenos e, assim, dar a eles a oportunidade de vivenciar experiências inesquecíveis que a leitura permite.

Da mesma forma eu agi com os netos. Gabriel  iniciou sua carreira como leitor logo que nasceu, contando com a participação efetiva de leituras com: o papai, a mamãe, o vovô, a titia e esta vovó coruja. Ele possui um arsenal de livros infantis, gibis, enciclopédias, etc. Além das histórias tradicionais, saciamos sua sede e curiosidade com livros sobre mitologia, meio ambiente e animais(sobretudo dinossauros). Possui tantos livros que não cabem na sua estante. Sempre que íamos ao supermercado, queria um gibi. Por isso, ganhou uma assinatura por  dois anos de gibis da Turma da Mônica (infantil e adolescente) que ele ama e não se desfaz.

Gabriel, na escolinha, levava em sua mochila vários livrinhos infantis e os  lia para as crianças menores. Dessa forma, ele as deixava mais tranquilas. Elas se sentavam em torno dele e o ouviam atentamente. As professoras ficavam maravilhadas com a atitude sábia desse anjo em forma de menino.

Outro dia, em casa, Gabriel estava no sofá folheando alguns dos seus livros. Eu tinha chegado do trabalho e estava muito cansada. Sentei perto dele, deitei a cabeça em seu colo e ele, vendo minha indisposição, disse que iria ler uma historinha para mim. Nem deu tempo terminar o texto escolhido. Eu adormeci profundamente, embalada por aquela leitura proferida com tanta doçura e carinho. Dessa vez,  houve uma inversão dos papéis: foi ele que me colocou para dormir. Minha filha não perdeu tempo e registrou essa cena singular como prova do poder mágico da literatura.

O outro netinho, o Johnny, completou seu primeiro ano de vida, mas desde os primeiros meses  demonstrou que é um leitor convicto. Os livrinhos atraem sua atenção, sejam eles  ilustrados, sonoros, escritos, interativos, de tecido, plástico ou de papel. Ele o segura com determinação, corre os olhinhos em toda a sua dimensão e faz a leitura em seu dialeto particular. É encantador! Quantas histórias aguardam ansiosas para serem, futuramente,  degustadas por ele!

Enfim, a ficção é um ingrediente fundamental para a realidade construída no decorrer dos dias e anos dos meus filhos e netos.  As leituras marcantes que compõem esses momentos criam enredos deliciosos e inesquecíveis, parcialmente registrados nas lembranças, nas imagens e nos escritos que aqui estão. 


                                     (Zizi Cassemiro – Mãe do Danilo e da Patrícia; avó do Gabriel e do Johnny)

3 comentários:

  1. Como diz a frase " quem lê sabe mais".

    ResponderExcluir
  2. Como você mesma disse, Zizi: "Pessoas que gostam de ler e são estimulados desde criança tem outra cabeça, sabem mais, tem ótima formação e vence os desafios com mais facilidade! Estão bem preparados para a vida!"... Lindas palavras! E eu as aplico ao seu texto! Que lindo! Adorei imaginar o Gabriel lendo para outras crianças, realmente, emocionante! Amei as fotos! Tudo registradinho, perfeito! Obrigada por compartilhar mais uma vez com a gente tão doce relato, pois em se tratando de leitura, tudo é mágico e encantador!!

    ResponderExcluir

O que lhe veio à mente depois de ler este texto?!? Queremos muito saber!!! Comente!!! Obrigada!!!