terça-feira, 8 de novembro de 2016

O caminho inverso...


Apesar de ele ser bem bagunceiro, escandaloso e agitado, até hoje não me recordo de nenhuma reclamação muuuuuuuuuuuuito grave do Miguel. Claro que sempre pergunto como ele anda se comportando -- tanto a ele, quanto a todas as professoras, às tias que trabalham na secretaria, biblioteca, às que ficam no portão e também às do refeitório. Toda vez que vou à escola eu faço o maior interrogatório! (risos)

Lembrei-me de uma vez em que não cheguei nem a receber bilhete nem nada, mas a primeira professora dele reclamou que ele às vezes fugia das aulas, pegava o "bibi" (velocípede) e ia dar umas voltinhas pelo quintal da escola. Chegando em casa, perguntei a ele o porquê disso, a que prontamente me respondeu (desde bebê falava que nem um papagaio e com direito a detalhes):

-- Eu saio para andar de bibi porque ninguém aguenta brincar de massinha da hora em que chega até a hora de ir embora. 

Faz sentido. O tédio e a mesmice levam a gente a precisar de uma fuga, de uma evasão. Aí, após descobrir a pólvora, graças a ele, lá fui eu "desenhar" pra professora, insinuando que "nem só de massinha vive o homem". Nunca mais ela (nem ninguém) veio fazer nenhuma reclamação dele para mim, muito menos desse tipo, e diz ele que, depois disso, as atividades com massinha deram uma booooa diminuída. Fora outros problemas que aquela escola tinha e dos quais não gosto nem de lembrar! Meu filho foi um Jó mirim, isso sim!

Dia desses também veio um bilhetinho dizendo que ele estava conversando demais nas aulas e que não estava nem conseguindo terminar de fazer as atividades! Esse tipo de coisa, sinceramente, não me preocupa tanto, por saber que é da idade e até os meus alunos, adultos, também extrapolam às vezes, cabendo a mim me impor como professora e ficar no pé, demonstrando domínio de turma. Acho que a falha apontada acaba sendo mais da própria professora do que do aluno, nesses casos, sinceramente... Enfim...

Já houve o caminho inverso, de eu precisar ir à escola reclamar de umas maluquices de algumas tias, de alguns abusos, sabiamente sinalizados por ele. Precisei esclarecer que não aceito mandar "calar a boca", nem segurar pelo braço, nem marcar o corpo dele com bolinhas feitas com canetinha, nem outras grosserias do tipo, que sempre vêm de "profissionais" que se escondem atrás de uma profissão que não amam, de fato. Sorte que, pelo nosso caminho, até hoje, eles corresponderam a uma minoria... sorte nossa, sorte ainda maior deles... porque, assim como às vezes sou dura demais com o Miguel, esquecendo-me algumas vezes até de que ele ainda é uma criança, e tantas vezes dura em excesso comigo mesma, também sei muito bem como, quando e de quem cobrar! 

(Andreia Dequinha - mãe do Miguelito, que escapa sempre das broncas escolares!)

2 comentários:

  1. Realmente, quando a gente para e vê o que acontece em algumas escolas, temos a certeza de que somos boazinhas demais....os alunos são tão indisciplinados e a gente aguenta tanta coisas...!!
    O Miguel, uma criança que já sabe o que quer... e com um senso crítico aguçado (também, né?? com uma mãe dessas!!!!! kkkkk) Acho tão bonitinho uma criança esperta que tem visão geral e aponta as falhas necessárias, quando estas o prejudicam...Certíssimo!!
    Como será esse menino quando chegar a jovem ou adulto: fico imaginando...Acho que ele está bem preparado para enfrentar as cobras criadas que costumam picar, não fazendo o mesmo, mas se defendendo e dando a volta por cima!! Seu texto está saboroso!!

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  2. Você está certíssima amiga, reclamações nunca deveriam ter esse tom. Ah! Porque conversa muito! Porque não para quieto! A monotonia arrasa com a criança. Criança tem muita energia, quando eu via os meus bem quietinhos, alguma coisa coisa estava errada. O Miguel é muito esperto, já sabe fugir da mesmice de forma sutil, parabéns pra ele!! Não terá problemas para enfrentar as situações mais difíceis! Sabe se defender muito bem!! Adorei mais um relato encantador das fases do Miguel!!

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